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sábado, 18 de setembro de 2010

Ter e haver: emprego

“Acabamos de ver um episódio que houve repercussão muito negativa, dos Correios.”
A frase reproduz uma declaração, o que talvez tenha motivado o redator a mantê-la em sua literalidade. O fato é que a confusão entre o uso e a sintaxe-padrão dos verbos ter e haver levou à construção que se lê no fragmento em epígrafe.
Em primeiro lugar, “ter” e “haver”, na maior parte das vezes, não são permutáveis no mesmo contexto – a respeitarmos a norma culta. Pode-se dizer que ambos têm o mesmo valor apenas na condição de verbos auxiliares e, mesmo assim, não em todas as situações. É possível dizer “Eles haviam chegado” ou “Eles tinham chegado” sem que haja nenhuma distinção de sentido. Já em “Eles têm de fazer isso” e “Eles hão de fazer isso”, notamos diferentes nuances semânticas.
No caso em questão, todavia, a confusão é menos sutil. É bom lembrar que o verbo “haver”, no sentido de “existir” ou “ocorrer”, é impessoal, ou seja, não admite sujeito, motivo, aliás, pelo qual não sofre a flexão de número (plural). Assim, podemos formular uma frase como “Houve repercussão negativa”, mas não faz sentido dizer que “um episódio houve repercussão negativa”. O “episódio” funciona na sentença como sujeito de um verbo que não admite sujeito! Claro está que se empregou “haver” no lugar de “ter”. Muito mais fácil seria escrever “episódio que teve repercussão”:
Acabamos de ver um episódio que teve repercussão muito negativa, o dos Correios.
Também seria possível manter o verbo “haver”, mas com uma pequena alteração na estrutura da frase:
Acabamos de ver um episódio de que houve repercussão muito negativa, o dos Correios.
Note-se que também faltou no trecho original o pronome demonstrativo que retoma o substantivo “episódio” em “o (episódio) dos Correios”.
Fonte: Thaís Nicoleti  http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/ter-e-haver-emprego.jhtm

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